Desde que encontrei o amor me desencontrei de mim.
- lauramoreirasm
- 25 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de mai.

Assim que nos deparamos com o amor que mora em alguém, muitas vezes sentimos o desejo de nos aproximar cada vez mais daquele sentimento que pulsa de forma tão genuína dentro de nós.
Com isso, começamos a fazer planos juntos, que vão desde viagens até refeições que farão em conjunto. É fato, todo esse movimento é, muitas vezes, gostoso. Entretanto, é preciso nos atentar para o limite que existe entre eu e o outro, para que assim, não nos tornemos o outro nem o outro se torne nós, perdendo assim, uns aos outros de vista.
Como identificar que perdi minha individualidade?
Caso você tenha se identificado com algum ponto do inicio desse texto, imagino que algo em relação a individualidade tem se mostrado como um ponto de atenção na sua relação. Essa já é uma importante forma do seu corpo te comunicar que você está entrando em algum lugar de desconforto. Um meio de identificar se você está distante da sua individualidade pode ser observando se você tem tido momentos longe do(a) seu(sua) parceiro(a), durante os quais você faz coisas unicamente para você, que vão além das tarefas básicas, como tomar banho e comer. Por exemplo, se você tem assistido algo que gosta, cozinhado suas comidas preferidas, feito seu hobbie ou cultivado seu ciclo social com amigos e familiares. Além disso, também é importante perceber como você tem se sentido durante esses momentos longe dele(a), caso fique com uma sensação de estar perdida(o) ou sozinha(o), esses podem ser sentimentos importantes de serem olhados com mais atenção para que você entenda como isso te afeta.
Realmente, tenho me distanciado de mim. E agora?

Muitas vezes, percebemos alguns movimentos que não tínhamos percebido antes mas não sabemos como muda-los. Portanto, coloco aqui algumas possibilidades de lidar com isso, mas lembre-se, você é a pessoa que mais sabe sobre você no mundo, esses são apenas pontos a serem iluminados.
Ao perceber seu descontentamento com a forma que têm vivenciado a relação, veja se você tem abertura para falar a respeito com seu(sua) parceiro(a). Caso tenha dificuldade de verbalizar, tente outros meios de comunicação, como uma ligação, uma carta ou algo do gênero. Independente da forma de comunicação escolhida, é importante que você esteja entregue àquela comunicação, de forma a verbalizar com sinceridade o que sente.
Ao comunicar, é importante lembrar que, muitas vezes, ao falar com o Outro, temos a expectativa de que ele entenderá os pontos trazidos da mesma forma que nós entendemos, mas isso não é real, o Outro tem o direito de discordar. Sendo assim, caso ele(a) não veja sentido no seu posicionamento, considero justo avaliar o que é inegociável para você em uma relação. Assim, caso seu(sua) companheiro(a) queira negociar o seu inegociável, fica mais claro que algum limite pode estar correndo risco de ser ultrapassado.
Caso não tenha espaço para comunicação, considero valido avaliar o quanto é importante para você estabelecer a diferenciação entre si e seu(sua) parceiro(a), pois caso não consiga falar sobre essa questão, é possível que ela não mude.
O que faz ser tão difícil abrir mão dessa forma de se relacionar?
O que leva a cada um se comportar de determinadas formas é uma infinidade de possibilidades, que partem desde padrões aprendidos e cristalizados até mesmo formas adaptativas de lidar com as situações da vida. Para compreender melhor a sua relação com esse funcionamento que não te distingue do resto do mundo, é importante considerar a psicoterapia como uma aliada para esse processo. Durante as sessões, a profissional pode contribuir com seu processo tanto através do acolhimento, quanto por meio de contribuições que tem como objetivo trazer novas perspectivas de se relacionar que façam sentido pra você.

